DREX E AS MOEDAS DIGITAIS NAS CIDADES

O que influencia e o que muda nas nossas cidades

Cássio Wilborn

8/31/20253 min read

Drex e as moedas digitais pelo mundo: o que muda para nossas cidades?

Nos últimos anos, muito se fala sobre moedas digitais oficiais emitidas por Bancos Centrais, conhecidas pela sigla CBDCs (Central Bank Digital Currencies). Diferente das criptomoedas, como o Bitcoin, que são descentralizadas e independentes, as CBDCs são moedas digitais estatais, controladas e reguladas, sendo igual ao dinheiro físico, porém, digital.

No Brasil, o projeto que vem sendo desenvolvido pelo Banco Central se chama Drex. Mas não estamos sozinhos nessa: diversos países já lançaram, testam ou planejam implementar suas próprias versões de moedas digitais.

O que é o Drex?

O Drex é o nome do Real Digital, que vem sendo desenhado para ser muito mais que apenas uma moeda virtual. O objetivo é trazer eficiência, transparência e inovação ao sistema financeiro.

Entre as possibilidades, estão:

Tokenização de ativos, como imóveis ou contratos, facilitando processos urbanos e de crédito;

Agilidade em pagamentos públicos, como benefícios sociais ou tributos municipais;

Controle de benefícios, como medida de evitar o mau uso de auxílios como o bolsa família. Por exemplo, por ser um dinheiro rastreável e controlado, seria possível impossibilitar o uso desse dinheiro com apostas, algo que acontece muito no Brasil.

Embora tenha iniciado com testes em blockchain, o Banco Central anunciou recentemente mudanças estruturais: o Drex seguirá outro caminho tecnológico, priorizando a segurança regulatória e a privacidade já garantida pela legislação... pelo menos a teoria é essa.

Outros países que já avançaram nas suas moedas digitais

O Drex é parte de uma tendência global. Vamos ver alguns exemplos para entender como eles vêm funcionando:

Bahamas – Sand Dollar: lançada em 2020, foi a primeira CBDC oficial do mundo, criada para ampliar o acesso financeiro nas ilhas menores do arquipélago;

China – e-CNY (Yuan Digital): um dos casos mais avançados, em testes desde 2020. Já é usado para transporte público, compras no varejo e programas governamentais. Seu foco está na rastreabilidade do dinheiro e no controle estatal;

Suécia – e-Krona: projeto piloto desde 2019, busca preparar o país para um futuro com cada vez menos uso de dinheiro em papel. Seu foco maior está na segurança e na acessibilidade;

União Europeia – Euro Digital: ainda em fase de protótipo, com previsão de lançamento por volta de 2026-2027. A principal meta é integrar pagamentos digitais entre os países do bloco, com foco em privacidade e regulação.

Aqui é interessante perceber que cada país pode adotar medidas e regras de acordo com o seu interesse governamental. É facil notar a diferença de ideologias políticas, por exemplo, enquanto na União Eurpeia o foco está na privacidade, na China o foco está na rastreabilidade e no controle estatal.

Oportunidades e riscos para as cidades

Assim como outras inovações tecnológicas, o Drex traz promessas, mas também levanta questionamentos importantes para a gestão urbana:

-> Oportunidades:

Pagamentos de impostos e taxas municipais mais rápidos e baratos;

Maior transparência na aplicação de recursos públicos;

Possibilidade de financiamento coletivo de obras urbanas via tokenização;

-> Riscos:

Exclusão digital, caso não haja acesso a internet e dispositivos adequados (algo que já acontece bastante no Brasil, assim como no resto do mundo);

Concentração de poder no Banco Central, que poderia controlar diretamente o fluxo de dinheiro;

Privacidade dos cidadãos em risco, já que todas as transações seriam rastreáveis;

Controle excessivo, podendo realizar sanções de maneira imediata, assim como congelar bens ou limitar o uso do dinheiro.

Conclusão

O Drex é um passo um tanto quanto ousado do Brasil rumo ao futuro financeiro e urbano. Ele pode modernizar a forma como lidamos com dinheiro, contratos e investimentos, ao mesmo tempo em que exige atenção para não ampliar desigualdades ou reduzir liberdades individuais.

A experiência de outros países mostra que não há um único modelo, mas sim diferentes caminhos para equilibrar inovação, inclusão e governança.

No fim, a grande pergunta é:

👉 O Drex será uma ferramenta para aproximar os cidadãos da economia digital ou apenas mais um mecanismo de controle centralizado?

Texto de
Cássio Wilborn

"Acredito que é possível construir cidades melhores, lugares onde viver signifique ter qualidade de vida e bem-estar! É possível superar o cenário político que tantas vezes abandona nossas cidades e, sim, é possível progredir. Mas para isso, é preciso compreender que o verdadeiro motor da mudança está muito mais na própria população."